terça-feira, janeiro 19, 2010


Yo creo que desde muy pequeño mi desdicha y mi dicha al mismo tiempo fue el no aceptar las cosas como dadas. A mí no me bastaba con que me dijeran que eso era una mesa, o que la palabra "madre" era la palabra "madre" y ahí se acaba todo.
Al contrario, en el objeto mesa y en la palabra madre empezaba para mi un itinerario misterioso que a veces llegaba a franquear y en el que a veces me estrellaba.
En suma, desde pequeño, mi relación con las palabras, con la escritura, no se diferenciade mi relación con el mundo en general. Yo parezco haber nacido para no aceptar las cosas tal como me son dadas.
(Julio Cortázar)

sábado, janeiro 09, 2010




[...]Sonho que você está logo mais na esquina, me esperando todos os dias pra tomarmos café ou simplesmente ir ao cine. Então lhe digo: ponha menos açúcar, ou digo tão somente: prefiro os filmes mudos – quem sabe os guardiões de nossa verdadeira língua?
Agora: feche os olhos, nada mais importa.
Fale-me de tua gente, do amarelo de teu país. Funda meus telhados de concreto aos teus de barro ou de Eternit, quero saber com que delicadeza teus dedos e tua boca percorriam os corpos de tuas mulheres. Fale-me delas, das mulheres, eu falarei dos meus homens.
Perguntas são inúteis, entre nós só movimentos e lembranças cabem.
Gire comigo, fale do teu tempo de espera, falo do meu.
Sempre soube que tu virias, do norte ou do sul, de outras terras, das geleiras, até do inferno, sabe Deus. De bem dentro de mim, da fome que faz este mormaço parecer incêndio. Você viria, eu sempre soube. Ignorei os amores passadiços, as ocupações que garantem a sobrevivência. Fazia tudo rápido e malfeito e, quando nada conseguia, segurava a fraqueza do corpo, do cérebro, da alma sem alimento. Por isso fiquei assim: esqueleto doendo de madrugada, mas tenho absoluta certeza: você não vai se importar.
Imbecil que és. Imbecil que sou.
Todos os dias verei você sair do fogo do isqueiro, com um punhado de açúcar e disposto a cerrar as cortinas para que meus olhos não vejam o centro da tela. Mesmo quando ao meu lado não existir companhia alguma pra partilhar o cigarro aceso, você deve comigo estar.[...]

In: Cântaro, publicado no Jornal A Tarde em maio de 1999, disponível integralmente em: http://www.revista.agulha.nom.br/1aleila.html

Em Não se vai sozinho ao paraíso, primeiro romance que integra a trilogia místico-erótica de Állex Leilla — cujo centro são as micro-...