sexta-feira, janeiro 30, 2009

trechos para algum momento futuro

[...] Queria uma coisa simples, funcional. Que se pudesse carregar no bolso. Formato de dicionário mesmo. O pequeno dicionário da vida comum. A idéia era permitir que pessoas como ele, intranqüilas, facilmente irritadas, que explodem facilmente ou não explodem, todavia, por dentro, matam, estupram, cegam, dão veneno de rato a todas que lhe estragam o dia, confundem seu humor, destroçam sua paciência, permitir que pessoas como ele, enfim, tivessem um livro de bolso eficaz, companheiro, não essas chatices esotéricas, nem o Novo Testamento, que não tava a fim de ficar com Novo Testamento no bolso, tenha dó!
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Ao sonhar com o piano, percebia, desesperado, que não identificava mais algumas notas. Dó e Ré acabam sendo a mesma coisa, dizia, ironicamente, uma voz anasalada, tão irritante, tão cretina que não se daria ao trabalho de verificar de qual garganta saía. Até porque as gargantas estavam todas trocadas, umas como vasos de barro cheios de flores alaranjadas, brancas, vermelhas, amarelas, champanhe, outras feito piscinas, ostentando água azulzíssima, imóvel, tocadas unicamente por raios fracos de sol. [...]

Em Não se vai sozinho ao paraíso, primeiro romance que integra a trilogia místico-erótica de Állex Leilla — cujo centro são as micro-...