terça-feira, dezembro 30, 2008

Fonte da imagem:http://www.mongabay.com/images/gabon/600/gabon-18770.JPG

Que os bons caminhos se estendam ao teu encontro. Que o vento sopre sempre a teu favor. Que o sol brilhe cálido sobre teu rosto e as chuvas caiam suave sobre teus campos. E, até que de novo eu te veja, que o Senhor te conserve na palma de Sua mão.
Feliz 2009!
Muita paz, muita prosperidade e muita renovação!

terça-feira, dezembro 23, 2008

Fonte da Imagem: http://www.galeriaaberta.com/eduardo_patarrao/slides/Coral%20azul.jpg




Só porque achei no chão

a estrelinha azul que você perdeu

comecei a repensar no nosso amor.



Essas casas simples de cimento vermelho

levam nossa tristeza pra dentro do tamarindeiro.

As tardes inteiras vão passando calmas na rede,

enquanto mata adentro os grilos nos falam

do quanto a noite será extensa.



Só porque colei na palma da mão

a estrelinha azul que você esqueceu

nosso amor deixou de ser mero pensamento.






segunda-feira, dezembro 01, 2008


O piso da casa é gasto, não se percebe ruídos. A luz que chega é delicada, luz de mundo nublado, e bate diretamente nos quadros verde-sépia da parede.
O que uma noite sem sono dá?
O domingo não acha esperma algum no lençol. Dentro das malhas finas da manhã, meio perversa meio recomeço, o único cheiro é de mulher dissipada, afagando travesseiros. O corpo está só. Embaraçado, voltando à tona. Um suspiro e a mão abandona o sexo. Faz que tateia a própria pele, seu cheiro a um palmo do nariz. Sopra os pêlos entre os dedos, sempre se arranca muitos pêlos nesses movimentos circulares, solitários. Livra-se de palavras ditas no ontem, o quarto deserto, 72m², nenhum traço dele.
Mas há qualquer traço dele por ali, sim, que se seja precisa ao menos uma vez. Há no azul do firmamento parado, nuvens paradas, atravessando horas, cuspindo nas rédeas do tempo, algum homem que se mistura à manhã, à canção que não se sabe quantas vezes mais será repetida, aos membros arranhados, à flor que morre no chão da varanda, que rola pra debaixo do sofá por capricho do vento, o único vento forte que entrou pela janela desde às 2:00 da madrugada.
Aí lhe vem um verde vivo: a memória já entupida de heranças, de porfazeres. Quer apenas que tudo se extirpe, ficar sozinha como peixe dentro do vidro. Sozinha com a bebida cor de caramelo, a chuva que obriga o sol a ir embora, a aspirina, o espirrar agora mais constante, o cabelo que novamente acha de perder o tom.
É refazer sempre.
Qualquer um dos fios desse emaranhado de coisas e imagens contidas que se perca, trará de novo o homem que não se tem mas que se sabe o tempo inteiro lá fora, selando, perscrutando a solidão.
Ocorre que não se quer senti-lo.
Frases mortas dele em círculo, como se a sitiassem.
Sabe que num momento leviano como esse o corpo dele junto ao de outro cara, lado a lado, atravessam a cidade - Brasília, onde ele foi morar - ou quedam-se agarrados entre odores e travesseiros. Quem sabe se um arranca violento o tecido que cobre o peito do outro, quem sabe se a violência prossegue em beijos, mordidas beirando sangue, ou promessas apaixonadas, ou sinceras confissões.
Miséria de vida maldita. A essa hora, ele deve estar com outro homem.
Pensando nisso, masturba-se. Depois, angustia-se.
Perde a calma.
Quebra cascos de Coca-Cola na cozinha.
Amaldiçoa a si mesma, a cidade, a TV.
Aumenta o volume, gritando por cima da voz de Patti Smith, de Chrissie Hynde. Mulheres fortes como tu, ele dissera. Serão, será?
Cala-se.
Masturba-se mais uma vez. [...]

Em Não se vai sozinho ao paraíso, primeiro romance que integra a trilogia místico-erótica de Állex Leilla — cujo centro são as micro-...