quarta-feira, dezembro 13, 2006
mais um pouco de Tanta Poesia
Naftalina
Pouca pouca roupa, pouco pouco a te cobrir/ louco louco sobre mim/ coxas, línguas, passo, passas/ boca a boca, / ninguém a nos adivinhar, ninguém por nos descobrir/ o tempo todo recolhidos,/ jornais a falar, a falar por prazer/o massacre é a indefinição, o massacre é a desintegração/violentamente você saindo de dentro/ de lá do abismo mais escuro/onde não se ouve, não se julga, não se mede/ só mata-se, mata-se, mata-se/sem sol, sem frio: intactamente sobre o mármore/ nem sonho nem jardim: inescrupulamente guardados/ vedados, próximos às traças, próximos às aranhas/ mas você gosta de cupins e você sabe evitar o murmúrio/tão dentro de mim não há barulhos/ nem o ir e vir cansado dos carros diante dos prédios/ não há tua palidez, tua brochura/ tua invalidez, teus cabelos caindo brancos/ há o perfume da coisa abarrotada, da coisa apodrecida, encarcerada/ da coisa transtornada, paranóica, xilocainizada/ revertendo quadros, espera incansável/ de ser novamente aberta, novamente soprada/ de ser outra vez arejada por você. (Állex Leilla)
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